Em 1946 dois amigos, Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, decidiram desenvolver a tapeçaria de ponto de nó em Portalegre. A concorrência no sector era muito forte e não estava a ser fácil implementar o negócio. Foi então que Manuel do Carmo Peixeiro, pai de Manuel Celestino, sugeriu aos dois jovens fazerem tapeçaria mural com um ponto por ele próprio inventado, anos antes, quando estudava em França. Dois anos depois surge a primeira tapeçaria baseada numa obra de João Tavares e, desde então, o processo não mais parou.
Este trabalho fotográfico acompanhou o labor das tapeçarias desde o momento em que uma determinada obra de arte é fotografada, e depois transposta para o papel que vai servir de base à concepção da tapeçaria, até ao produto final: uma tapeçaria que impressiona, por um lado pela sua textura de lã, mas por outro lado pela forma como que se desvincula do próprio original, ganhando uma autonomia e singularidade próprias.
Há nesses desenhos em papel de quadrícula uma imensidão de códigos, uma teia complexa, cujo objectivo é o da maior fidelidade possível em relação à obra original. Todas as fases do processo são controladas manualmente, num artesanato de profundo rigor, numa quase infinita diversidade cromática disponível, num ponto que continua a ser único no mundo.