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Autorretrato atual, em sombra projetada, feito em Viseu, nas proximidades do local onde Orlando Ribeiro fez as fotografias de Viseu 1929, de 1945, e 9372, de 1967.
Numa pequena mochila colocamos alguns haveres para um dia de caminhada. Alguns alimentos, água, um agasalho, uma máquina fotográfica. Partimos. Viajamos ao passo lento de quem apreende uma paisagem, de quem nela experimenta a solidão da sua própria condição, sobre uma superfície irregular, entre o céu e a terra. Por um trilho estreito chegamos a um ponto elevado. Ao fundo de um vale observamos um rio caudaloso, sobre um leito pedregoso. Ao longe vemos os cumes nevados das montanhas. Nuvens sopradas pelo vento. Não estamos longe do mar. Fazemos algumas fotografias. Queremos um dia, no futuro, aqui voltar. Nós ou outro alguém que regresse a estes lugares, que os fotografe, que os fixe na construção do passado e no questionar do futuro, no movimento simultâneo de desafio, fascínio e inquietude. (p.311)